Está aberta a temporada de caça. Me refiro às eleições para Academia Brasileira de Letras. Desta vez, após a morte de Zélia Gattai, a candidatura é recorde, 22 candidatos, e para nada mais, nada menos, a cadeira mais nobre da casa, a de Machado de Assis, também fundador da Academia.
Diferenciando das atuais leis eleitorais, em que não é mais possível distribuir ‘presentinhos’, o processo eleitoral na Academia é sustentado por jantares e reuniões regadas, onde os candidatos fazem a campanha, adoçando a boca dos eleitores. Uns apontam até serem injustiçados por morarem longe do circuito intelectual, ficando à parte da ‘boca livre’, mas não deixam de se candidatar.
E para isso, não é tão complicado. Ser brasileiro e ter, ao menos, um livro publicado. Assim, o derrière intelectual poderá sentir o "quentinho" que Machado deixou por ali. Mas isso não justifica tamanha gama de candidatos. Interessante é constatar a não inibição para se lançar ao posto. Contrariando a minha intuição e aposta na candidatura do "intelectual"-piadista, Jô Soares, a cadeira VIP conta com poucos nomes conhecidos (com exceção de Ziraldo).
fonte: Revista Piauí, agosto de 2008
Nenhum comentário:
Postar um comentário